quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Algumas considerações da minha experiência como facilitadora no ensino do idioma espanhol como língua estrangeira


Ali estavam todos. Em nada se pareciam com a foto da turma que tenho no meu computador. Diversos, intranquilos e curiosos tinha frente a mim o grupo de pessoas que integram o Curso de Empregado/a de Andares; são adultos que têm como meta fazer o nono ano, com saída profissional. Recorrendo ao tradicional, nesta ocasião crasso erro, perguntei sobre o que conheciam sobre o idioma espanhol. A resposta não se fez esperar, foi uma lição, uma sentença; a partir de ali tive que cambiar o meu método. Foi quase a coro: “ ¿por quê no te callas?”. E realmente assim comecei, defendendo o enfoque comunicativo para assegurar a aprendizagem ao longo da vida, não só do ponto de vista académico como no crescimento humano. Isto implica estimular o diálogo, proporcionar situações polémicas e considerar que todas as influências educativas, que se geram no processo de aprendizagem, nem sempre requerem uma educação formal na sala de aula, uma vez que temos alcançado o ambiente e as condições para garantir um ensino significativo. Minha função social como formadora do curso EFA, conjuntamente com os meus colegas, é proporcionar uma segunda oportunidade aqueles que por diversos motivos interromperam ou nunca tiveram acesso aos estudos na idade escolar. É garantir um direito de todos. Necessitava de um elemento motivador que tivesse em conta o geral e permitisse expressar o particular de cada formando/a. Um elemento motivador que tivesse em conta as seguintes características do Ensino de Adultos:
• Ser flexível.
• A primeira actividade social do adulto é cuidar da família e do trabalho: não estudar.
• A composição sociocultural dos alunos adultos e os seus níveis a partir do conhecimento são muito heterogéneos e requerem uma atenção pessoal.
• As actividades de aprendizagem para educação de adultos estão intimamente relacionadas com as suas motivações de natureza económica e social.

• O adulto é protagonista político e social qualquer que sejam as suas funções ou tarefas e como tal devemos respeitar.

• O adulto tem a experiência e maturidade para assumir as mudanças de comportamento através de um processo de auto-educação.
• Na aprendizagem dos adultos a comunicação permitirá debater os seus problemas e compartir saberes num clima de confiança. A possibilidade do intercâmbio evidenciará sempre que tem determinado conhecimento.

• O adulto não dispõe de muito tempo, deve sentir-se motivado e perceber a utilidade do conhecimento.
Com estas peculiaridades, mencionadas a grosso modo e sem pretender teorizar, tinha ante mim um grande desafio: ensinar espanhol básico (Utilizador Elementar A1 Introdutório, segundo o Quadro Europeu Comum de Referência) e incorporar vocabulário técnico de acordo com o perfil profissional dos formandos. Era imprescindível procurar as alternativas que favorecessem a incorporação activa do grupo e a sua retenção, este último parâmetro muito desfavorável neste tipo de ensino. Com “la camisa negra” , “el corazón partío” e dançando “Aserejé” Servi-me de uma efectiva e afectiva ferramenta didáctica: o exercício de audição (momento mais esperado nas aulas) - neste caso as propostas são canções. O objectivo: exercitar a língua através da música e ao mesmo tempo utilizar a canção para "produzir" língua. As canções proporcionam vocabulário, gramática, permitem trabalhar a pronunciação, a escuta e favorecem tanto o conhecimento dos aspectos culturais da língua de estudo como a associação da língua a cultura. A tudo isto há que agregar o poder da música para estimular as emoções, a sensibilidade e a imaginação. Explorando o componente emotivo, posso concluir que os formando/as participam de maneira activa na criação do significado dos textos, não se limitam a uma audição passiva. Esta participação centra-se, durante o processo de aprendizagem, na resposta de cada adulto, que consegue compreender o texto, a mensagem concebida nele, não só pelo ritmo ou pelo cantor mas também pela experiência, dotando, de facto, a letra dum significado pessoal. Sem pretender por fim ao tema, termino por hoje, mas numa próxima oportunidade compartilharei com vocês algumas sugestões didácticas para a utilização deste recurso de aprendizagem, sem esquecer o seu importante papel como elemento aglutinador de disciplinas, porque também facilita a interdisciplinaridade. Por isso, estimados colegas, os convido a cantar com os nosso formando/as; acreditem que será muito melhor que no chuveiro e as palmas estão garantidas. Pode aparecer esta frase: “Ai daqueles que pararem com sua capacidade de sonhar, de invejar sua coragem de anunciar e denunciar. Ai daqueles que, em lugar de visitar de vez em quando o amanhã pelo profundo engajamento com o hoje, com o aqui e o agora, se atrelarem a um passado de exploração e de rotina”.Paulo Freire

Ana Salvador
Formadora da Língua Espanhola Curso EFA – Empregado(a) de Andares

1 comentário:

  1. Hola, ojalá que puedan entenderme con la misma facilidad con que yo he conseguido "traducir" este intenso, sabio y profundo artículo de la Señorita Ana María, formadora de Lengua Española en el Cuso EFA. Tanto me ha motivido su análisis que me he arriesgado a compartir algunas ideas a partir de lo que la profesora expone con tanta claridad y pasión.
    Me llama la atención que la especialista propone que el aprendizaje de cualquier lengua extranjera vaya más allá de dominar con soltura un idioma determinado, y que este aprendizaje conduzca al crecimiento humano, espiritual, de quien se involucre en esa experiencia. Si ello se consigue entonces el método aplicado es de excelencia, por cuanto no implica únicamente memorizar frases o palabras, o conseguir conjugar correctamente las formas verbales. Se trata de propiciar la reflexión, el intercambio de ideas, de asumir la polémica y el cuestionamiento como modo de vida. Entonces ya no se tratará solo de que el "alumno" logre preguntar en otro idioma cómo puede llegar hasta un lugar determinado, sino de aprender a conducir su vida por disímiles caminos.
    Por supuesto que no será tarea fácil para Ana ni para el resto de sus colegas que defiendan este método. Máxime si los "educandos" no han tenido por igual acceso a la enseñanza. Se necesitaría despertar en ellos una motivación superior, porque no les resultará absolutamente fácil. Se necesitaría transformarlos en protagonistas del proceso, dejar de ser pasivos participantes a quienes todo habría que dárselo "masticado". Tendrán que poner sus muelas a funcionar de modo consciente. A veces hasta les costará trabajo "triturarlo" todo, pero cuando lo consigan el alimento será más provechoso. Habrán crecido.
    Coincido plenamente con Ana Maria en que si no se tienen en cuenta todas esas condiciones que ella señala, sus recomendaciones para poner en práctica el método, entonces será más que complejo realizar la experiencia que propone. Solo me resta desearle muchos éxitos (y por supuesto a sus alumnos), porque por sus palabras puedo descubrir que no le faltan pasión, conocimientos y entrega.
    Muchas gracias por su atención,
    José Luis Estrada

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