quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A CENTRALIDADE DE OURÉM (II)

Admiti ser este o último texto sobre o tema que titula este espaço, encerrando este esforço solitário e certamente pouco motivante para quem se arrisque a lê-lo. A ideia era fechar esta análise comparativa entre Ourém e os concelhos do Médio Tejo, Pinhal Litoral e Pinhal Interior Norte, procurando perceber melhor a realidade e as potencialidades do “meu” concelho, denunciar as injustiças de que tem sido alvo em termos de uma distribuição equilibrada do investimento público, mas e sobretudo, tentar compreender se Ourém, por tudo aquilo que foi e é, assume ou pode vir a assumir uma centralidade motora no desenvolvimento dos territórios enunciados ou de outros que lhes são vizinhos. Mas acabei por não assumir este como o último texto, porque admiti que se justifica, pela sua importância económica, social e cultural, uma abordagem a um setor específico, o Turismo. O último será então o próximo, o das injustiças e da eventual centralidade. As dificuldades financeiras que atravessa a Entidade Regional de Turismo Leiria-Fátima, têm motivado algumas afirmações e um reduzido debate sobre a importância deste organismo na gestão do território turístico composto pelos municípios de Leiria, Pombal, Marinha Grande, Batalha, Porto de Mós e Ourém, colocando mesmo em causa a necessidade desta entidade. Enquanto uns questionam a validade da reivindicação que levou o anterior Governo, no último minuto, a segurar este espaço administrativo, outros já lhe anunciam a morte e integram-no, em partes ou por inteiro, nos seus territórios. Sobre este assunto o meu pensamento já começa a ser velho e admito que já canse de tanto ser repetido. Sou completamente a favor da existência do Turismo de Leiria-Fátima, na prossecução dos seus objetivos estatutários de organização e qualificação do território turístico, defendo o reforço da aproximação à Associação Turismo de Lisboa, com vista a garantir uma mais poderosa promoção nos mercados externos, sou defensor de uma eventual fusão com o Turismo do Oeste, com o objetivo de se ganhar massa crítica e serem ultrapassadas as dificuldades financeiras que admito possam ser semelhantes e finalmente, penso que Leiria e a sua “região” ficarão a perder, caso continuem a olhar sonolentamente para este assunto. Mas se o que antes ficou dito é preocupante e me parece importante, nada melhor que olhar para os números e tentar sobre eles entender a realidade, com base em dados relativos a 2009. O concelho de Ourém, razão de ser destes nossos escritos, apresenta 40 estabelecimentos hoteleiros (aqui ainda divididos entre hotéis e pensões), um total de 5 838 camas e vendeu 505 011 dormidas. Se compararmos com os concelhos do Pinhal Litoral (Batalha, Leiria, Marinha Grande, Pombal e Porto de Mós), na sua globalidade, encontramos um número ligeiramente superior de estabelecimentos (42), mas uma significativa redução no número de camas (3 482) e de dormidas vendidas (293 121). Relativamente ao Médio Tejo, na globalidade dos seus concelhos, apresenta 24 estabelecimentos hoteleiros, 1 556 camas e 142 461 dormidas vendidas. No que se refere ao Pinhal Interior Norte os valores são incomparáveis: 11 estabelecimentos, 671 camas, 61 733 dormidas. Em conclusão e somando a totalidade dos valores relativos aos concelhos que integram o Pinhal Interior Norte, Pinhal Litoral e o Médio Tejo, excluindo os de Ourém, verificamos que estes apresentam 77 estabelecimentos hoteleiros contra os 40 instalados no concelho de Ourém, que disponibilizam 5 709 camas contra as 5 838 disponíveis em Ourém e finalmente e porque é o dado que verdadeiramente interessa, venderam em 2009, 497 315 dormidas contra as 505 011 vendidas apenas em Ourém (convém referir o peso avassalador de Fátima nos dados referentes a este concelho). E sobre Turismo e a importância do concelho de Ourém nesta matéria, nada mais me resta dizer. Daqui a um mês tentaremos concluir.
Francisco Vieira
Presidente da Direção da Associação Empresarial Ourém - Fátima

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