sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O Plágio e o Formador

Li recentemente uma notícia online que me levou a pensar. Para não ser acusado de plágio, deixo aqui o link:
http://economico.sapo.pt/noticias/jovens-plagiam-cada-vez-mais-para-trabalhos-escolares_81007.html
Dizia a notícia que os jovens recorrem cada vez mais à net para fazer trabalhos, mas plagiando, ao invés de pesquisando. Salientava que os pais vêm com muito entusiasmo o acesso dos filhos à net, porque a consideram como meio de aprendizagem. Mas não têm ideia de tudo o que as crianças fazem na net porque são pouco utilizadores.
Trabalhando o CFC sobretudo com adultos, foi sem surpresa, porém, que começámos a detectar plágio nos trabalhos que os próprios adultos fazem. Aquilo que me surpreendeu foi o facto de adultos desconhecerem a gravidade do que estavam a fazer. É-lhes explicado que uma pesquisa na net pressupõe uma síntese do que foi obtido; por outras palavras, é necessário que a pessoa reflicta criticamente sobre aquilo que leu, que assume como verdadeiro e como seu, visto estar a colocá-lo num trabalho. Após esta explicação, determinamos que a pessoa terá que refazer o trabalho, parcial ou totalmente, ou será reprovada.
Aqui começam os problemas: as pessoas reagem muito mal, praticamente recusando-se a corrigir. Alegam que desconheciam o conceito de plágio, que desconheciam a sanção associada, que não têm tempo, que a culpa é do formador, ...
Mesmo estando presente no Regulamento, é como se não estivesse, pois as pessoas não o leêm.
É a velha desculpa: "devia ter-nos sido dito!".
Já tendo passado a fase da sensibilização para o não fazer, agradecia pistas sobre como combater este fenómeno: afixar cartazes em todo o lado a alertar? Reprovar imediatamente o infractor, e fazer disso um exemplo, tornando-o público? Analisar caso a caso, e dando azo a avaliações subjectivas?
Lanço o debate, aguardando e agradecendo as propostas.

1 comentário:

  1. Plágio, direitos de autor, copyright, …
    Todos nós sabemos que, hoje todos, ou melhor quase todos, navegamos pelas bilionésimas páginas, sites, blogues, e outras redes, comunicando, apondo, todo o tipo de informações, conhecimentos, saberes, competências, trocando experiências, ou apenas servindo-se dessa afirmação, a maior parte das vezes, sem mínima consciência dos conteúdos em causa. Em relação aos nossos alunos, será que podemos falar de plágio ou uso indevido da propriedade privada, mas na ignorância das consequências desse abuso. Pergunto-me se a propriedade intelectual terá hoje um só “dono” ou todos seremos devedores de todos, de Newton de galileu, de Einstein de Piaget, de Freud, de Lavoisier, de Aristóteles, de Eça de Queirós, de Agostinho da Silva, de Mário Cláudio, … de pensadores, cientistas, filósofos, politólogos, historiadores, escritores, ensaístas, professores, gente comum, alunos, mães pais, avós … ou como dizem os antropólogos, não existem raças, mas etnias, só existe uma raça, a Humana, bem como só existe um conhecimento, uma sabedoria, a resultante do pensamento, da racionalidade humana, que se desenvolve com a concorrência de todos, com a troca de ideias, o debate a discussão, a troca de ideias. Relativamente aos direitos económicos sobre as “mensagens” produzidas por cada ser humano, esta é outra questão, que deve ser encarada como trabalho realizado e desse modo deve ser pago. Mas esta não é a componente que mais importa, afinal com um breve abanão de terra, todos os documentos desaparecem…, o pensamento esse fica, transforma-se, transforma-nos…! A questão mais importante é a de ensinarmos e aprendermos a aprender, de nos tornarmos uma raça sabedora que endeusa a cultura, uma raça que promove a tão famosa literacia, que dá lugar privilegiado ao pensamento, que não é mais do que a sua verdadeira essência. A nossa bandeira deve ser a do rigor, da exigência, do cultivar da inteligência (talvez precisemos mesmo de voltar às origens, ao cultivar, não no Farmville, mas do raciocínio, na linguagem como expressão do pensamento) e essa bandeira há muito que a erguemos mas não fizemos tudo, aliás fizemos infinitamente pouco para as possibilidades da humanidade, mas ainda agora começamos, e é preciso não esquecer que o caminho se faz caminhando, o importante não é a chegada, mas o caminho, a descoberta, … depois de atingido o objectivo ele próprio é um novo perguntar, o recomeço de uma nova aventura de conhecer!
    Esta é apenas a opinião de uma simples aprendiz de aprendiz de pensadora! E a minha maior riqueza está na partilha dos nossos pensamentos, afinal sem a bipedia e a oponência do polegar eu não era o que hoje sou, nem no futuro outros serão sem as nossas opiniões!
    Discordam?

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